quinta-feira, 24 de abril de 2008

Eu não pago!



Quanto custa o sol e a lua?
Poderá ser minha, ou já é tua?
Já pago o que ponho no tacho.
Serei livre de me banhar no riacho?

Quando o sol se pagar,
Só me resta voar,
O meus olhos fecharei,
Montado no espírito viajarei,
Os sons serão imagens,
Em pensamentos mil paisagens.

Terão os sonhos portagem?
Haverá limite de velocidade?
Serão taxados por imagem?
Ou pelo entusiasmo e idade?

Podia-se pagar o preconceito,
mas a muitos não dá jeito.

Não se habituaram a sentir,
É-lhes mais fácil mentir.
E por tanto que praticam,
Nas próprias mentiras acreditam.
Sem serem capazes de perceber,
Que também andam a perder,
Porque se andam a enganar,
Acabando também eles por pagar.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

É preciso um Curriculum "medianozinho"!


Enquanto procuro por emprego tenho-me deparado com dificuldades perante as quais nunca imaginei, quem selecciona os candidatos mais valia não dar razão nenhuma para não os seleccionar, pois perante o que tenho ouvido fico baralhadinho da cabeça, e penso será que esta vaga era só a fingir? pois, porque é a única justificação que vejo plausível para o motivo que usam para não me seleccionar, que vai desde "não tem experiência nesta àrea", até "tem habilitações a mais, pode criar expectativas". Porque raio me candidatei ao ensino superior? Porque é que os meus pais me permitiram andar lá dois anos, sob o pretexto de aprender algo útil para desempenhar uma profissão? Mais valia ter ficado só com a 4ª classe, porque agora as pessoas ficaram a pensar que eu perdi as mãozinhas e a cabeça para trabalhar. Como se faz um Curriculum "MEDIANOZINHO"?
A situação mais caricata que ainda hoje não me sai da cabeça, foi quando respondi a um lugar de Auxiliar de Limpeza, mal entreguei o Curriculum em mão a entrevista morreu logo, porque não tenho experiência comprovada; para a próxima vou pôr nas minhas referências profissionais o contacto da minha mãe e da minha esposa," é que eu lá em casa também limpo", se me enganar no detergente ensinem-me, mas parece-me que querem ser simpáticos, e não querem incomodar muito, nem dar trabalho, malta educada sabem como é, mas podiam dar-se a essas cortesias só depois de nos darem trabalho.

Outra vez a brincar com a água!


Agua fresca do monte,

Jorra livre desta fonte

Desce suave na minha garganta

Refresca a minha alma cansada

Convence-me se adianta

Esta longa caminhada

Agua fresca do monte,

Jorra livre desta fonte.

Conta-me o que aprendeste

Quando pelo monte desceste.

Quero aprender a viver,

Saber o que é crescer.

Não sei em quem acredito,

Uns dizem que vou, outros que fico.

Não sei o que sabem,

Não sei o que escondem,

Não sei se devem,

Não sei se podem.

PÁREM ...!

Quero ouvir a água do monte!

Por favor, jorra livre desta fonte,

Cai na minha mão,

Liga-me à razão.

Dá-me esse conhecimento,

Para matar o meu tormento.

Acaba com a guerra dá-me paz

Dizes que é simples e eu sou capaz?

Ah, água fresca do monte

Que jorras livre desta fonte

Mostras-me que é simples afinal

Acabar de vez com este mal

É só olhar dia a dia pelo meu irmão

E sem pedir dar-lhe a minha mão

É reflectir nele a minha alma

Com o máximo de paz e calma

É saber dar-me valor

Mas não esquecer o meu redor

Água fresca do monte,

Jorra livre desta fonte

Segue derramada no chão

Encontra o meu irmão

Entra e penetra-lhe o coração

Chama-o também à razão.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Pressa de chegar ao topo e comprar tudo feito!


Ontem em conversa despertou-se um tema que não me incomoda mas faz-me comichão nos neurónios, cada vez que me vejo confrontado com ela, e cada vez mais abunda no comportamento social em geral, que é "a pressa de chegar ao todo" e o "comprar tudo feito".
Todos nós nos cruzamos diariamente com esse comportamento, vai desde aquele iniciante em determinado desporto, que antes te começar precisa de adquirir equipamento topo de gama, pois não vá a sua performance depender disso; até ao colega de trabalho que apesar de só ter um ano de experiência, é capaz de se virar para outro com 30 anos de serviço e dizer: "Quando chegares onde eu estou, vais perceber como é!" ou "Tenho que te ensinar tudo!".
Serão estas situações somente ridículas, ou até surreais?
Será que estas personagens têm a noção do seu verdadeiro valor? saberão que fazer de conta, não cabe na realidade? é que quando compro uma embalagem de sumo ela não vem vazia, se por acaso vier, eu digo que fui enganado!
É como quando se diz a alguém: "Ah passear naquela zona é mesmo bonito não achas?" e recebe-se de resposta: "Não acho, pego no carro todas as semanas para la ir, e não é nada de especial!" perante isto calo-me sem argumento, mas na verdade apetecia-me berrar alto: "PASSEAR, EU DISSE, P A S S E A R, EXPERIMENTA IR A PÉ, E OLHAR Á VOLTA, JÁ AGORA!"
Sei que há coisas que cansam, mas se as fizermos, somos capazes de encontrar algum prazer, e não digam que estou a inventar ou a ser lírico, exemplos não faltam; o sexo também cansa, e ninguém o manda fazer na sua vez, nem o compra feito.
Muitas vezes fui gozado, ou encarado como esquisito, porque muitas coisas tento fazê-las eu, pela próprias mãos em vez de as comprar, muitas vezes não sei se vou fazer alguma coisa de jeito, e acabo por ter que comprar, outras vezes gasto mais dinheiro e recursos ao fazer que comprar feito, e todos acham que o esforço não vale a pena, no entanto o objectivo é aprendizagem, portanto vale sempre a pena. Não sei onde vão buscar a ideia quadrada de que conhecimento é apenas algo que permanece nos neurónios e nos livros, que ideia absurda, como podemos desfrutar de uma requintada refeição num restaurante, sem o conhecimento do chefe de cozinha, dos ajudantes, de quem criou a carne e os demais ingredientes?
Não se ponham a mexer, não.
Por essas e por outras é que dizem que a minha cabeça não tem juízo, mas não me importo que seja o corpo a pagar, dessa forma não me esqueço que o tenho...

No mundo, quando todos reconhecem o belo como sendo o belo, surge o feio!
Quando todos reconhecem o bem como sendo o bem, surge o mal!
É por isso que o ser e o não ser nascem um do outro.
O díficil e o fácil são complementares.
O longo e o curto dimensionam-se.
O alto e o baixo regulam-se um pelo outro.
Os tons e a voz harmonizam-se mutuamente.
O antes e o depois são sequência um do outro.
Por isso o sábio age, não agindo.
Ensina através do silêncio.
Então, todos os seres agem e ele nada lhes recusa.
Produz sem se apropriar, aperfeiçoa sem nada esperar.
Quando termina as suas obras meritórias não fica preso a elas.
É precisamente por isso que elas permanecem.

Lao Tzu

Governado pelo sol


Serei pelo sol governado?

Ou por homens, esses chefes de estado?

O sol aquece-me todos os dias,

Esses homens fazem as noites frias.

O sol colabora em cada raio de luz,

Para minha vida e meu sustento,

O efeito desses homens só se traduz,

Em minhas consumições um aumento.

Escolho o sol para meu governante,

E os raios de luz seus ministros,

Não quero mais a vida errante,

Ao sabor de homens sinistros.

Hoje abro a janela para trás,

De forma ampla e abrupta,

Na mensagem que a luz me traz,

Ouço: “Hoje é dia de luta!”

Todos os dias ouço a mesma mensagem,

E obriga-me a pensar,

Se a vida é mesmo uma passagem,

Tenho que a valorizar,

Não posso ser apenas uma imagem,

De quem a decidir moldar.

Chris Cornell - Black Hole sun