terça-feira, 22 de abril de 2008

Pressa de chegar ao topo e comprar tudo feito!


Ontem em conversa despertou-se um tema que não me incomoda mas faz-me comichão nos neurónios, cada vez que me vejo confrontado com ela, e cada vez mais abunda no comportamento social em geral, que é "a pressa de chegar ao todo" e o "comprar tudo feito".
Todos nós nos cruzamos diariamente com esse comportamento, vai desde aquele iniciante em determinado desporto, que antes te começar precisa de adquirir equipamento topo de gama, pois não vá a sua performance depender disso; até ao colega de trabalho que apesar de só ter um ano de experiência, é capaz de se virar para outro com 30 anos de serviço e dizer: "Quando chegares onde eu estou, vais perceber como é!" ou "Tenho que te ensinar tudo!".
Serão estas situações somente ridículas, ou até surreais?
Será que estas personagens têm a noção do seu verdadeiro valor? saberão que fazer de conta, não cabe na realidade? é que quando compro uma embalagem de sumo ela não vem vazia, se por acaso vier, eu digo que fui enganado!
É como quando se diz a alguém: "Ah passear naquela zona é mesmo bonito não achas?" e recebe-se de resposta: "Não acho, pego no carro todas as semanas para la ir, e não é nada de especial!" perante isto calo-me sem argumento, mas na verdade apetecia-me berrar alto: "PASSEAR, EU DISSE, P A S S E A R, EXPERIMENTA IR A PÉ, E OLHAR Á VOLTA, JÁ AGORA!"
Sei que há coisas que cansam, mas se as fizermos, somos capazes de encontrar algum prazer, e não digam que estou a inventar ou a ser lírico, exemplos não faltam; o sexo também cansa, e ninguém o manda fazer na sua vez, nem o compra feito.
Muitas vezes fui gozado, ou encarado como esquisito, porque muitas coisas tento fazê-las eu, pela próprias mãos em vez de as comprar, muitas vezes não sei se vou fazer alguma coisa de jeito, e acabo por ter que comprar, outras vezes gasto mais dinheiro e recursos ao fazer que comprar feito, e todos acham que o esforço não vale a pena, no entanto o objectivo é aprendizagem, portanto vale sempre a pena. Não sei onde vão buscar a ideia quadrada de que conhecimento é apenas algo que permanece nos neurónios e nos livros, que ideia absurda, como podemos desfrutar de uma requintada refeição num restaurante, sem o conhecimento do chefe de cozinha, dos ajudantes, de quem criou a carne e os demais ingredientes?
Não se ponham a mexer, não.
Por essas e por outras é que dizem que a minha cabeça não tem juízo, mas não me importo que seja o corpo a pagar, dessa forma não me esqueço que o tenho...

1 comentário:

Maria Cristina Amorim disse...

Deixa-os falar.
Eu também gosto de fazer, eu mesma as minhas coisas. Dentro do possivel faço tudo o que posso. Ás vezes tenho um trabalhão, mas vale sempre a pena.
Claro que depois há as dores de cotovelo, de muita gente que finge não ver, ou perceber que fui eu que fiz, e ignora.
Desde semear a relva, a fazer cortinados e tapetes, passando pela horta e jardim, e mais uma série de coisas, cá ando eu com as mãos na massa. :)
Gostei do teu cantinho, e obrigado pela visita.
BEijos.